TADEU BAHIA - Autor
1ª.
PARTE
“Com isso concluo
e pronuncio meu veredicto. Eu condeno o cristianismo, levanto contra a Igreja
cristã a mais terrível das acusações
que um acusador
jamais tenha pronunciado. Para mim ela é
a maior das corrupções concebíveis...” (NIETZSCHE)
"FIAT JUSTITIA, RUAT COELUM"
Nascido Friedrich Wilhelm
Nietzsche, na cidade de Rocken, na Alemanha em 15 de outubro de 1844...
conseguiu sobreviver até os 56 anos, até quando a sua própria loucura o
matou.
Os católicos
ferrenhos pregavam/pregam que a loucura do Nietzsche (1844–1900), foi um castigo
divino, fruto das suas injúrias contra Deus e a Religião Católica, amplamente
propagadas no volume “DER ANTICHRIST, FLNCH AUF DAS
CHRISTTENTUM” (O Anticristo). Porém, o paradoxo disso tudo é que as
palavras enraivecidas do filósofo e pensador alemão nascem dos lábios de um
homem formado em teologia e filosofia, além de ter sido professor universitário
e reconhecido filósofo militante, marcante do seu próprio tempo. O seu espírito
revolucionário, indócil e sempre em ebulição constante nos lembra o perfil do
cineasta baiano, Glauber Pedro de Andrade Rocha, o saudoso e eruptivo Glauber
Rocha, redivivo nas sábias palavras do mestre, poeta e jornalista João Carlos
Teixeira Gomes através da sua magnífica obra: “Glauber, esse vulcão”.
Precisaríamos de um escritor
e memorialista de mão cheia, igual ao caríssimo João Carlos, acima citado, para
fazer explodir em cataclismos, os mais loucos, toda a Obra Nietzschiana, cujo
principal mérito foi o de cortar o velho e desgastado “cordão umbilical” que
unia, até àquele época, os conhecimentos antigos que eram alicerçados no
pensamento gregoriano. Assemelhando-se ao Glauber Rocha com os seus atos
intempestivos, os quais, sob a visão “normal” dos demais humanos eram
considerados ilógicos e abusivos, a lógica do Glauber e a do Nietzsche se
assemelham ainda ao espírito desbravador, barroco e ante a tudo vulcânico do
também poeta baiano Gregório de Mattos e Guerra, quando, ao seu tempo e
antecedendo em séculos o próprio Nietzsche, o então poeta baiano, à semelhança
do Voltaire, voltava-se contra Deus e a Religião Católica em versos explosivos e
viperinos que a nossa língua pátria pouco caso fez. Não fossem a abnegação, os
esforços e as dedicações constantes do James Amado, Gilfrancisco, João Carlos
Teixeira Gomes, Fernando da Rocha Perez e deste modesto autor, o próprio
Gregório de Mattos e Guerra seria mais um escritorzinho fudido e de merda, sem
nenhuma importância ou significação para a nossa língua, como todo e qualquer
desconhecido poeta... No entanto, o Nietzsche foi o seu próprio vulcão, a sua
própria e transbordante loucura, bem como as suas próprias teses e antíteses,
pois escoimando de uma maneira atroz a Religião Católica, na qual dizia ser a
religião dos fracos, covardes e submissos, levava o dogma da incerteza aos
espíritos crédulos e demolia – com um só golpe – todas as considerações ditas
teológicas sobre a pretensa criação de Deus.
O Deus Cristão não existe. O
que existem são o medo e a ignorância dos homens frente aos
acontecimentos materiais – alguns até aquelas épocas inexplicáveis sob a luz
ainda bruxuleante e fraca de uma ciência que nem era reconhecida como tal – onde
era acrescentada ainda a pouca visão e quase nenhum conhecimento científico de
que não dispunham os homens daquele período, onde os acontecimentos hoje
considerados os mais simples, são esclarecidos através de uma pesquisa boba no
Google, na internet. Porém, na pequenez cósmica daquelas inteligências mal
iluminadas de então, transformavam-se em “fenômenos”, em “milagres”, onde eu
acrescento ainda que o “estado de coma” que sofreu o próprio Jesus Cristo após a
sua crucificação, ao sair naturalmente do período crítico do coma, foi
considerado pelos católicos de carteirinha como sendo o próprio “Filho de Deus
Ressuscitado e Vivo”! Que diriam os homens daqueles tempos se soubessem que eu
próprio já entrei em coma por duas vezes... Na primeira vez fiquei inconsciente
por quase dois meses; muitos anos depois, na segunda vez, fiquei cheio de tubos,
máscaras, respirando e monitorado por aparelhos e nunca nenhum dos médicos do
Hospital Couto Maia ou do Hospital Espanhol me reconheceram como um Deus ou um Tadeu qualquer ressuscitado!
Por duas vezes devolveram o meu caixão às respectivas Casas Funerárias... Nem
por isso subi ao céu carregado por anjos e envolto em nuvens poéticas,
resplandecentes e ofuscantes!
Simplesmente voltei para casa
de táxi e não carregado por uma
legião de anjos celestiais...
A pequenez científica dos
homens de dois séculos passados não acolhia dentro do seu pouco conhecimento,
toda aquela imensa e maravilhosa gama de acontecimentos e/ou fenômenos naturais
– e inexplicáveis para o seu frágil espírito, onde não encontrando palavras para
ilustrar o que lhes acontecia à volta, atribuíam-nos conotações “divinas”,
sobrenaturais. Para Nietzsche o divino não existe, por conseqüência, os
“milagres” também não. Se o divino existisse seria o próprio Homem! Teríamos
então a explicação do “super-homem”, do Super-Homem Cristão, dignificado na
terra pela figura do Jesus Cristo, enquanto paralelamente os americanos criaram
o Super-Homem na figura dócil e andrógina do jornalista
Clark Kent... Essas palavras para
tentar explicar – em paródia – como os padres criaram o seu super-homem na
pessoa do Jesus Cristo, assim como os primeiros beatos, apóstolos, visionários,
Abraão e o Moisés da estória bíblica criaram o seu próprio Deus e a sua corte de
demônios e anjos celestiais... Para mim, quem sabe sintetizar a estória bíblica
não é Deus nem o Lúcifer... é o poeta florentino Dante Alighieri, que visualizou
na sua transcendente loucura medieval os cantos, recantos e os encantos do céu,
purgatório e do inferno... Foi esse poeta italiano quem escreveu o “poket-book” da Bíblia, conhecido
universalmente como “A Divina Comédia”!
Os homens criaram Deus à sua
imagem e semelhança, não ao contrário; se fossemos criados por Deus à imagem e
semelhança dele – seria muita presunção da nossa parte, meros e decadentes
mortais. Criamos também a Bíblia, simples “Manual de Instruções” da Religião
Católica e da pretensa e inusitada imprensa celeste, onde sobre o assunto,
no seu prólogo o Gênesis ainda
postula e teima que de fato Deus criou o homem a sua própria imagem e
semelhança... É uma pena porque somos totalmente dessemelhantes, como profetiza
o poeta barroco Gregório de Mattos e
Guerra nos seus versos viperinos e maravilhosos contra os ora governantes da
cidade da Bahia no século dos seiscentos: “Triste Bahia... o quão
dessemelhante”. Nietsche nunca
achou nada disso, ele postula o ser
hiperbóreo, dignificado no super-homem nórdico, habitante das geleiras acima
da linha boreal, setentrional, onde existia uma civilização mágica, e que,
segundo o Apolo, seria habitada pelos próprios deuses. Falava-se que os homens
hiperbóreos seriam despreocupados, sonhadores e felizes, na sua maioria poetas,
compositores e hábeis tocadores de violão... na certa eles seriam os ancestrais
dos atuais baianos...
O Nietzsche cultuava a idéia de que existiam esses homens
hiperbóreos e que os mesmos já tinham alçado a um estágio superior,
distinguindo-se dos simples mortais pela ausência absoluta dos sentimentos
terrenos e efêmeros da piedade, tolerância, fraqueza e/ou do sofrimento.
Preconizava que esses super-homens estariam sempre em um estado de contínuo
renascimento e crescimento e que teriam o condão de determinar o bem e o mal,
sem levar em conta os esquálidos pontos de vista da igreja, ou mesmo da atrasada
sociedade de então. A felicidade do super-homem nietzscheziano, leia-se seres hiperbóreos, seria determinada
através dos seus próprios valores, centrados em constantes mudanças na busca do
prazer absoluto. Segundo o Nietzsche o seu super-homem não acreditaria, sob
nenhuma hipótese, em Deus, ou em quaisquer espécies de deuses e ainda teriam nas
suas consciências as assertivas de que somente os fracos restringem, tentam em
vão impedir, o crescimento dos mais fortes. Outra contradição que pode ser
observada nesse gênio é que sua aparência triste, acanhada, sobretudo tímida e
freqüentemente solitária, não condizia em nada com o seu estado de espírito
sempre inovador, nem com o contido nos seus escritos delirantes, sempre plenos
de uma energia inesgotável, característica marcante do transloucado e sempre
polêmico autor.
Diante de tudo o que o
Nietsche falou com relação à Religião Católica e o Cristianismo, este autor,
após ter lido Os Sermões, do padre
Antônio Vieira e quando criança tendo estudado muito sobre a vida do padre José
de Anchieta e do São Francisco de Assis, posiciona-se no seguinte: se Deus não
existe, de que adianta hoje em dia tanta propaganda divulgada estoicamente na
mídia, quando sabemos que desde as priscas eras é a própria Igreja Católica quem
sustenta e divulga as suas próprias criações e lendas, os seus pretensos mitos,
supostos milagres, visões e aparições de cunho celestial, bem como estórias
difundidas por esses pregoeiros acima citados, que nas companhias dos antigos
apóstolos difundiam pelos quatro cantos do planeta, tanto à população civilizada
da época, bem como os seus escravos e a aos gentios, nas regiões mais distantes,
a sua pretensa filosofia... ai é que chega o Nietzsche com suas palavras
vulcânicas e destemperadas e sem mais delongas os classifica a todos na
categoria de “malucos” e “louco varridos”! O José de Anchieta e o
São Francisco de Assis não passavam de loucos, na visão dos seus próprios
contemporâneos e ainda carregavam o epíteto chulo de simples visionários, mas
que a teimosia da Religião Católica os classificou de “santos”, como santos eram adjetivados
todos aqueles que faziam/fazem propagandas de Deus, das suas supostas benesses,
ou garantem aos crédulos das pretensas existências de um céu cheio de anjos,
virgens imaculadas e varões santificados, assim como um inferno cheio de
demônios horripilantes e vermelhos, de caudas grandes e chifrudos, que sob o
comando dos dinâmicos e sempre atuantes Satanás e do Belzebu, aterrorizavam os dias e as
noites misteriosas, escuras e ignóbeis da humanidade.
Eis aí a propaganda da miséria, da miséria lata e mais
profunda: o enganar as consciências, fazer uma
autêntica lavagem cerebral naquelas pessoas ignorantes que envolvidas nas
estórias fantásticas criadas pela Religião Católica e os seus seguidores, eram
arrebanhados como mansos cordeiros a fim de fazerem parte do abençoado e
pacífico rebanho que em breve os levaria a conquistar o Reino dos Céus. Como já
dizia o Nietzsche: a Igreja Católica corrompia a alma dos seres humanos para cumprir
maleficamente os seus desígnios, promovendo a “corrupção espiritual”, estabelecendo o
tumulto do ser ou não ser católico no âmago daqueles homens mal iluminados de
outrora, criando a sua própria “Ditadura
Espiritual” cognominada de “Santa Inquisição” que agia igual a um pretenso e vingativo
Deus, prendendo, torturando, estuprando, currando e matando todos aqueles que
eram contra os seus dogmas... a mesma coisa que fez a inesquecível e sempre
lembrada “Ditadura de 1964” no Brasil, quando foi implantado o
suposto “Regime Militar” no nosso
país... quando o “militarismo” tempos
depois se fundiu com o “oportunismo”
e nos fez frutos de uma Nação sem memória histórica, sem padrões de caráter,
morais e éticos de conduta etc:. etc:. Assim como os ditadores de ocasião, lembrados no “Último Discurso” do imortal Charlie
Chaplin, ainda segundo o Nietzsche, a Igreja Católica criava a sua corrupção a
fim de se perpetuar ao criar nas
almas dos homens o câncer maléfico do pecado, que eu classifico como: hóstia negra, cânhamo delirante, ácido lisérgico perfeito que envolveu e
inebriou os fracos de espírito de todas as épocas. O Nietzsche ainda questiona
na sua obra “O Anticristo” a pretensa “igualdade das almas perante Deus”
classificando-a de pura hipocrisia, bem como adjetivando os “benefícios humanitários” em dinamite cristã do próprio
cristianismo, palavreados esses que são contínua e ultimamente expostos nos
últimos anos pelos diversos papas nas suas confusas e senis encíclicas e bulas
papais.
Observo que o Nietzsche
pensava, em parte, de acordo com o postulado sagrado dos Illuminati, também conhecidos como Moriah, ou seja, aqueles seres incorpóreos e
belos, nobres detentores da Luz. O próprio Lúcifer cognominava-se “Estrela da Manhã” e era o membro maior,
espécie de Grão-Mestre da “Nobreza Negra”, aqueles espíritos
encarnados pertencentes às treze Famílias que desde muito tempo atrás e até hoje
dominam o mundo, decidindo/direcionando/ditando as ordens políticas, sociais e
econômicas de todos os governos da Terra. Essas famílias seriam, a saber:
Astor, Bundy, Collins, DuPont, Freeman, Kennedy, Li, Onassis, Reynolds,
Rockfeller, Rothschild, Russel, Van Duyn (Merovíngeos). Esse grupo seleto de Famílias faz parte da
acima citada "Nobreza Negra" e
como já foi dito, são elas que decidem e estipulam as regras para elegerem ou
derrubar presidentes, restabelecer, criar e/ou destruir governos. Os seus
membros nunca são conhecidos do público, uma vez que as suas ações e palavras
são tão sutis que escapam ao exame mais acurado dos simples mortais. Seus laços
familiares provêm das noites dos tempos, existindo há milhares e milhares de
anos e iguais aos santamarenses, eles são muito ciosos em manter a linhagem
familiar, nunca deixando corromper ou quebrar esses laços. Lastreiam-se em dois
sólidos pressupostos que são o Ocultismo e a Economia, cadê os nossos amigos
judeus... Detém sob o seu poder todos os bancos internacionais, bem como
companhias de petróleo, são donos das melhores indústrias e redes comerciais
mundiais, inclusive no setor de automóveis, armas de fogo e alimentos,
armamentos nucleares, incluindo o comercio e as telecomunicações, dominando
atualmente o mundo virtual através da Microsoft, conseguindo através de hábeis
diplomatas e políticos, deter em suas mãos a grande maioria dos governos,
controlando-os à distância, ou presentemente, quando necessário. O Ocultismo, a
prática ancestral da magia negra freqüentemente ocorre nos cultos e rituais
satânicos e secretos praticados pelos Illuminati em todos os
pontos da Terra, quando, através de práticas ocultistas e cerimoniais, controlam
e manipulam as massas em quaisquer pontos do planeta. Salve o Leonardo da Vinci que no passado
foi o Grão-Mestre dos Illuminati do seu
tempo...
Não obstante o acima exposto, nunca se ouviu
nenhum comentário e tampouco não existem quaisquer documentos por escrito os
quais comprovem que o Nietzsche fosse iniciado em sociedades secretas, ou não,
tendo em vista a sua natureza explosiva, vulcânica, instável e temperamental, em
conseqüência o seu espírito inquieto e indomável nunca conseguiria guardar
dentro de si nenhum segredos. A sua iluminação maior veio de dentro de si
mesmo, tal o Lúcifer, o qual possuía luz própria e bastava-se com a sua
infinita, magnânima e iluminada loucura. Pensadores, poetas, demiurgos, magos e
bruxos, historiadores, ciganos e filósofos do tope do Nietzsche estão presentes
em todas as épocas da história da humanidade. Desde o suposto Adão, seguido pelo
Noé, Abraão, Matusalém, Maquiavel, Maomé, o apóstolo João Batista, Platão,
Aristóteles, Leonardo da Vinci, Sir Francis Bacon, Descartes, o iluminado
Voltaire, Gregório de Matos e Guerra, Paulo Garcez de Sena, Galileu, Epicuro,
Charlie Chaplin, Dante Alighieri, Cícero e outros sábios que sob as auras
abençoadas das suas centelhas espontâneas, dotados de uma inteligência superior
e invulgar, sacudiram os alicerces, os parâmetros até então conhecidos, abalando
com as estruturas frágeis dos pseudo-s - conhecimentos dos cosmos e das coisas
do mundo, que até então determinavam/manipulavam/influíam/geriam os destinos
espirituais – leia-se: religiosos – de todos os povos da terra. Ressalto, no
entanto, as posições firmes e irresolutas das poetisas santamarenses e baianas,
Amélia do Sacramento Rodrigues e Mabel Veloso, as quais através a prática
diuturna do catolicismo, conceberam versos maravilhosos e belos que hoje
emolduram a literatura brasileira, quiçá universal. Apesar de ser bem casado com
a minha atual esposa Sueli Rocha Lopes, continuo loucamente apaixonado pela
Mabel Velloso e sobretudo a minha inesquecível Lala Velloso, embora ame
desesperadamente e por toda a vida a minha pequena e doce Sueli, lembrando
daqueles versos antigos dos poetas e compositores Tom Jobim e Vinícius de
Moraes, naquela memorável e imorredoura canção, que tocará com toda a certeza
nos meus funerais:
C7+
Eu sei que vou te amar
Ebº Dm7
Por toda a minha vida
G7/5+
Eu vou te amar
G7 Gm7 F#7/5+
Em cada despedida eu vou te amar
F7+ Bb7/9
Desesperadamente eu sei que vou te amar
Em Ebº Dm7 G7/5+ G7 Em7 A7/5+
E cada verso meu será pra te dizer
D7/9
Que eu sei que vou te amar
G7/5+ G7
Por toda minha vida
C7+
Toda vez que lembro essa minha última vontade à Sueli, ela enche os
olhos de lágrimas e manda-me calar a boca e deixar de falar maluquices, mas faço
questão absoluta de deixar bem claro que se esta música acima não for tocada no
meu funeral, eu me dano e mais uma vez saio do caixão e volto a viver novamente... Aliás, com
música ou sem música o importante é viver, uma vez que até os surdos de nascença
conseguem ouvir a sua própria música!
O Nietzsche era o “Espírito de Negação” do filosofismo não
idealista proposto pela Religião Católica, significado nos seus padres
andróginos e aveadados, nas suas freiras lésbicas e outras mulheres donzelas,
não comidas e nunca assistidas sexualmente, todos eles (elas) mal dirigidos(as)
para o exercício de uma castidade patológica e irreal, onde ancorados(as) por
uma tosca e decadente formação pastoral, embasada em símbolos e caracteres
irreais, embebedavam-se, drogavam-se com estórias românticas e absurdas acerca
da suposta origem de um Deus que tudo sabe, tudo governa, tudo dirige e
previamente estabelece... o retrato típico e obscuro de todos os ditadores, Napoleões, Getúlios Vargas, Stalins e Hitleres de todas as épocas. Todavia, antes do Nietzsche ser caracterizado
como o filósofo da negação, foi um estudioso da Religião Católica que logo
adiante a renegou, fazendo-me lembrar de recente entrevista do Nelsinho Motta
com a Da. Canozinha Velloso, mostrada em meados de julho de 2009 numa rede
televisiva, quando a ilustre matriarca foi perguntada sobre o suposto ateísmo do
compositor santamarense Caetano Veloso, propagado aos quatro ventos desde o
início da década de 1970 pelo ora nominado cantor, o qual se autodenominava como
sendo “o avesso do avesso”. Somente
nos dias de hoje, depois dos sessenta anos de idade, é que o epíteto do Caetano
se acomodou e tivemos das suas concepções
ateístas, apesar de ainda propagar-se ateu, as nossas dúvidas em parte
dirimidas através das palavras firmes e nonagenárias da adorável, doce e querida
Da. Canozinha Velloso, quando a mesma na entrevista acima mencionada, ao
responder ao Nelsinho Motta sobre o ateísmo do Caetano Veloso, que o mesmo
não era ateu e “...que tudo aquilo era maluquice dele,
pois quem anda com a medalhinha de Nossa Senhora no pescoço não é ateu coisa
nenhuma!” Aí estão
manifestadas as palavras que falam da incerteza exposta nas aferições ditas ateístas do Caetano Veloso, que
sob o meu modesto ponto de vista nominou-se ateu para entrar na moda, em
confronto com a resposta irrefutável e universal da sua Mãe, a Da. Canozinha
Velloso, que até os dias de hoje alimenta o seu Espírito iluminado nos ditames
católicos do final do Século XIX até os dias atuais. O Nietzsche, caso estivesse
vivo, sorriria dos dois: da
incerteza ateísta-intelectual do Caetano e da certeza imutável espontânea e doce de
Da. Canozinha Velloso. Sou testemunha presente e ocular de que a Família Velloso
sempre anda a se reciclar espiritualmente, que o diga a famosa “Trezena de Santo Antônio” que ocorre
todos os anos na casa da Mabel Velloso, no bairro barroco do Tororó, em Salvador
- Bahia, cujo altar trezenal é refeito dia após dia pelo primogênito Rodrigo
Velloso, sob os olhares curiosos e abençoados da minha Lala, ainda da Belô, Jú,
Jorginho e Aninha Velloso.
No contraponto destas linhas, acrescentamos
que a origem intelectual do Nietzsche punha dentro do seu Espírito conturbado,
sob o véu das suas certezas
absolutas, todas as incertezas
absolutas dos clérigos, beatos, padres e demais católicos que deambulavam
crentes na suposta ressurreição que
era/é constantemente comentada e relembrada nas sacristias toscas e mal
iluminadas pelo mundo afora, em altares antigos e enriquecidos de ouro, prata e
púrpura, demonstrando no seu régio aparato e riquezas materiais, o contraste pregado próprio Jesus Cristo,
caracterizado pelo seu Evangelho de Humildade, nos fazendo recordar
da figura mágica e mística do saudoso e querido Dom Hélder Câmara nas suas
pregações ditas comunistas, sob os
olhares desconfiados do Regime Militar de
1964. Dom Hélder Câmara nos lembrava um autêntico pregador camponês, diria eu um “Guevara de Batina” que compondo o seu
rebanho às feições do próprio Jesus Cristo, pregando aos humildes, aos
camponeses sem terra, levando palavras duras contra os latifundiários,
exploradores da mãos de obra baratas e às vezes gratuitas do homem do campo,
sugando-lhes as energias em seu próprio favor, bem como declamava históricos
sermões e homilias contra os presidentes e autoridades militares de então. Não
tenho informações oficiais de que tentaram assasiná-lo durante a escura e escusa
vigência do Regime Militar, mas de
nada duvido, mas Dom Hélder Câmara - a semelhança dos Mestres Maçons - nada falava,
nada comentava, no entanto trazia a todos nós a magia translúcida do seu sorriso
sábio, abençoado e fraterno. Todavia eu entrevia sob a manta sagrada do seu
sorriso doce, as auras facilmente
perceptíveis das ameaças veladas que
pairavam silenciosas, férteis e assassinas contra a sua iluminada pessoa, a
qual, apesar de pequenina e frágil, demonstrava a sua força acurada e febril
através da potência intelectual e feérica das suas palavras eloqüentes e
verdadeiras, dando-nos autênticas lições de Democracia e, sobretudo Fé, postulados morais e éticos que nunca
existiram no coração e na consciência do Nietzsche, o qual, antes de tudo, foi
um ser paradoxalmente iluminado, pois o Nietzsche nada
tinha de obscuro no sentido mais lato
do termo, ele tinha a sua luz própria, era igual ao Satã ou ao
Lúcifer, sendo
realmente possuidor de um espírito auto - iluminado, polêmico e absolutamente
contraditório em relação aos dogmas e filosofias propostas pela Religião
Católica e os seus seguidores, quando esses faziam as suas ortodoxas
manifestações, exercidas nos altares medievais e barrocos das inúmeras igrejas
cristãs pelo mundo afora...
Desde criança o pequeno Nietzsche era um
aluno brilhante, logo apelidado pelos seus
colegas de "pequeno pastor", tendo em
vista serem os seus avós pastores protestantes. Ganhou uma bolsa de estudos aos
14 anos para Pforta, onde estudou e obteve ganhou fluência em grego e latim,
oportunidade em que começaram os seus primeiros questionamentos contra a
Religião Católica. Dando seqüência aos seus estudos, rumou para Bonn com o
objetivo de estudar filosofia e teologia. Mais tarde, por intermédio de um dos
seus professores, foi residir em Leipzig com o objetivo de estudar filologia e
aos 24 anos foi nomeado professor de filologia clássica na Universidade de
Basiléia, oportunidade em que apresentou o seu primeiro trabalho de ordem
acadêmica, intitulado: "A Origem e
Finalidade da Tragédia", escrito no ano de 1871, exatamente no mesmo período
em que conheceu o renomado compositor Richard Wagner, o qual residia numa casa
de campo, situada bem próxima ao lago de Lucerna, imediações de Tribschen, onde
buscou e verdadeiramente encontrou refúgio, tranqüilidade e inspiração, não só
para acomodar, ao seu modo, o seu
inquieto Espírito, como também para criar as suas criações
filosófico-literárias, quando ainda em 1871 publicou o seu primeiro livro, "O Nascimento da Tragédia no Espírito da
Música", sendo bastante influenciado nas obras do Wagner e do Schopenhauer.
A estadia do Nietzsche na Universidade de Basiléia foi efêmera, somente por
curtos oito anos, pois no ano de 1879 começou a ter intensas e constantes crises
de cefaléia, originados por problemas de visão e já manifestava dificuldades
para se expressar, interrompendo as suas tarefas universitárias por um ano. Ao
tentar voltar as suas atividades acadêmicas, passou por problemas nas cordas
vocais que tornaram as suas palavras quase inaudíveis, quando no ano de 1879 e
praticamente cego, Nietzsche abandona de vez a universidade, dedicando-se
exclusivamente à escrita. O reconhecimento dos seus escritos chegou tardio, já
perto da sua morte, ocorrida em 25 de agosto de 1900 quando ainda contava 56
anos, na mesma idade em que faleceu em 1998, na Bahia, o compositor, letrista e
também polêmico poeta baiano, Paulo Garcez de Sena.
Homem sempre
apaixonado e nunca correspondido, apesar da sua loucura o Nietzsche também
passou por problemas sentimentais quando foi rejeitado pela Lou Andréas Salomé, jovem finlandesa com
quem pretendia se casar, ocasião em que ficou bastante abatido, diante desse
amor verdadeiro e desbragado nunca correspondido. Sempre digo que às vezes a falta do
amor aborrece, mas quando ele existe e é o nosso verdadeiro e único Amor, este
realmente nos adoece e nos tornamos
fragilizados e mártires da nossa própria paixão. Por causa desse fracasso
amoroso o Nietzsche voltou a residir nas companhias da sua mãe e da irmã
Elisabeth, vivenciando um quadro patológico de muita solidão e visível
sofrimento.
Lembro das minhas crises emocionais de paixão doentia
vividas no final da década de 1960, precisamente em meados de 1968/1972 na
pequena e romântica cidade de Amélia Rodrigues, situada no Recôncavo da Bahia,
perto de Santo Amaro da Purificação, no auge do Movimento Tropicalista e ainda no
esplendor dos meus 16 até aproximadamente 21 anos de idade, quando fui rejeitado fragorosamente ao pedir
uma colega de ginásio em namoro, justamente quando ela seria realmente a minha
primeira namorada e eu já contava
como casamento certo. Sonho inútil...
Igual ao Nietzsche também nunca foi correspondido! Vivi anos de muito sofrimento
e dor, seguidos de momentos ansiosos e neuróticos de quase loucura, ficando
constantemente instável e visivelmente nervoso, atrasando em muito o meu futuro
bem como retardando o meu ingresso na Universidade, prejudicando-me enormemente
nos meus estudos, naqueles anos tumultuados e marcantemente insones da minha
vida, quando saía a beber naquelas noites inesquecíveis e maravilhosas na
companhia boêmia e esculachada dos amigos e era freqüentemente encontrado no
prostíbulo do “Morre Sem
Vela” ou na “Casa de Dete” a dormir nas companhias de mulheres dadeiras e suspeitas. Tornei-me um notívago em potencial, oportunidade em
que ficaram de vez desabrochadas no meu espírito a tendência para escrever
versos, versos maravilhosos e imorredouros de amor, tornei-me Poeta no sentido mais lato da
palavra... naquela época escrevi versos inesquecíveis e belos que foram publicados tanto no jornal da
Juventude Católica de Amélia Rodrigues –
JUCAR bem como anos mais tarde nas páginas do ora extinto
JORNAL DA BAHIA, onde expunha ao público e desbragadamente as minhas
declarações de amor, em letras de forma...
Vivíamos naquela
época encantada de início da década de 1970, a Era Iluminada pelo uso dos alucinógenos
e anfetaminas, quando no Brasil o uso da maconha já engatinhava os seus primeiros
passos mágicos pelas ruas, praias e teatros, na alta sociedade e universidades
em geral, no próprio meio artístico-cinematográfico-musical, nas largas e
possantes avenidas até as modestas vielas e morros nacionais. Tivemos muitas
cabeças mal informadas no país que foram de encontro à difusão da prática ora em
nascedouro, quando a maioria dos neo - fumantes foram subjugados com brutalidade
e conseqüentemente castrados no seu direito de fumar a maconha, através da
truculência de militares mal preparados, oriundos de uma formação mal
direcionada e incompetente, de baixo e rudimentar quociente intelectual, os
quais eram regidos sob força coercitiva de um regime político autoritário e
imbecil, quando os usuários eram
ainda excomungados pela mesma Igreja Católica que o próprio Nietzsche desde o
século passado já escoimava, sendo freqüentemente detidos e barbaramente
espancados pelas pretensas autoridades policiais de então. Nesse período de
castração intelectual e fúria apolítica, obscurecido pela ira ensandecida das autoridades militares de plantão
sediadas nas casernas/cavernas palacianas em Brasília, as pessoas da cidade de
Amélia Rodrigues me achavam um louco de marca maior, sem saberem as verdadeiras
razões dos meus sofrimentos. Naquela época eu usava os cabelos longos e mal
penteados, roupas extravagantes e coloridas, colares de metal e miçangas
penduradas no pescoço, sandálias franciscanas nos pés, num autêntico visual “hippie” e pregando a filosofia “make love, dont
war” enquanto ouvia as baladas românticas dos The Beatles, Jane Joplin, Jimi Hendrix e
Rolllies Stones, enquanto a guerra do Vietnam ceifava a vida de milhares e
milhares de jovens inocentes. Enquanto
isso, milhares de hippies já curtiam o Nietzsche, desde as praias ensolaradas de
Copacabana até as ruas descalças e alucinógenas das praias de Arembepe e do
Arraial d’Ajuda, na Bahia...
TADEU BAHIA:.
st.tadeubahia@gmail.com